terça-feira, 27 de outubro de 2009

Seu Ubaldo também está no TOPA


Aluno com 106 anos é alfabetizado

As mãos que ainda conseguem segurar a enxada são as mesmas que há seis meses começaram a segurar o lápis. Com a disposição de um jovem estudante dedicado, Ubaldo Dias, 106 anos, caminha duas noites por semana para a sala de aula na escola municipal de São João do Paraíso, um distrito de Mascote, no sul da Bahia.
O aposentado é um dos 351 mil alunos do programa Todos pela Alfabetização (Topa), da Secretaria Estadual da Educação (SEC), que já beneficiou 171 mil pessoas na Bahia.
Somente na cidade de seu Ubaldo, a cerca de 600 quilômetros de Salvador, são aproximadamente 600 alunos matriculados em 48 turmas. "Desde 2007, o Topa já realizou o sonho de mais de 500 pessoas nesta região, que antes eram consideradas analfabetas, assim como seu Ubaldo, um verdadeiro exemplo de que nunca é tarde para aprender", afirmou a coordenadora municipal do Topa, Unifleides Ferreira.
O cansaço de mais de um século de vida não parece atrapalhar os estudos de seu Ubaldo. Em casa, ele reforça o aprendizado das aulas com a bisneta Letícia Lisboa, quatro anos.
Os dois aproveitam para treinar as primeiras letras que aprenderam. Questionada sobre como se sentia ao ver o bisavô aprender, assim como ela, a ler, Letícia respondeu: "Feliz".
Na escola, o antigo trabalhador rural acompanha com olhos atentos as explicações da professora Ana Cláudia Lisboa, 22 anos, que, além de alfabetizadora, é sua neta e mãe de Letícia. Três gerações diferentes unidas pelo universo do saber.
"Tanto como professora quanto como neta, me sinto muito orgulhosa do esforço de meu avô em começar a essa altura da vida uma nova etapa. Ele é um aluno atencioso e disciplinado que em pouco tempo conseguiu aprender muitas coisas, apesar de suas limitações", comentou Ana Cláudia.
O sorriso espontâneo e a força de vontade do aposentado animam toda a sala de aula. Seu Ubaldo é tomado como exemplo e estímulo pelos seus colegas de turma.
"Tem gente que não acredita que ainda podemos aprender e ele é a prova contrária", explicou a também aposentada Maria Carmélia, 63 anos, que se senta perto de seu Ubaldo.
Tanto Maria Carmélia quanto seu Ubaldo e os demais estudantes do Topa são submetidos a um modelo construtivista de aprendizado desenvolvido pelo educador Paulo Freire. Trata-se, assim, de uma alfabetização popular que parte da realidade do aluno e utiliza da experiência de vida para ensinar e despertar a cidadania.
Hoje, seu Ubaldo já escreve o nome completo e destacou que não pretende parar de estudar. "Minha neta insistia muito para eu vir aprender e sempre quis saber assinar meu nome completo. Então entrei no Topa e quero continuar a aprender", disse, sorrindo.

Fonte: Diário Oficial da Bahia - dia 27 de outubro de 2009

Um comentário:

NUMEROLOGIA E PROSPERIDADE disse...

Na intenção de divulgar o meu trabalho, cheguei até aqui. Muito bom o seu espaço, gostei bastante. Certamente voltarei mais vezes. Aproveito para convidar a conhecer FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER...em http://www.silnunesprof.blogspot.com
Se você gosta de histórias, garanto que vai gostar.
Saudações Florestais !
Silvana Gonçalves Nunes.'.