quinta-feira, 8 de março de 2012

As aulas do Brasil Alfabetizado no Presídio Nilton Gonçalves começaram segunda-feira, 5


Durante o ano de 2011, o programa Todos pela Alfabetização atendeu 114 internos do Presídio Nilton Gonçalves. Fruto do convênio entre a Prefeitura de Vitória da Conquista e o Governo Estadual, o programa proporcionou aos internos novos conhecimentos e a possibilidade de seguir um novo caminho.

Este ano, 120 internos também terão a oportunidade de aprender a ler e escrever, por meio do programa Brasil Alfabetizado, criado pelo Governo Federal e realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Educação.

A coordenadora educacional do presídio, Márcia Novaes de Oliveira, reuniu no sábado, 3, todos os alunos no pátio do presídio para explicar a proposta do programa Brasil Alfabetizado para este ano, apresentar a equipe de professores, mostrar os locais de realização das aulas e dividir os 120 internos em pequenas turmas.

A novidade prevista para este ano é a implantação das oficinas de teatro, rádio, música, xadrez e jornal, sendo que algumas oficinas serão ministradas pelos próprios internos. Atualmente, internos já ministram aulas de capoeira e curso de corte e costura para outros colegas da unidade prisional. E até o final do ano será implantando, em parceria com a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/Uesb, o curso de informática.

Na segunda-feira, 5, com as turmas já divididas, os professores tiveram o primeiro contato com os alunos e discutiram sobre os temas que eles querem que sejam desenvolvidos. Foram iniciadas algumas oficinas, dinâmicas e demais atividades.

Os internos que estudaram o ano passado e ainda continuam na unidade darão mais um passo no processo educacional, participando do Educação de Jovens e Adultos/EJA, um projeto com foco no desenvolvimento do ensino fundamental e médio.

Recomeço

Edmilson Melo Freire, ex-interno, se formou em dezembro do ano passado e disse que no início foi muito difícil, porque as opiniões no presídio se dividiam, alguns presos queriam aprender outros não. Com o desenvolvimento do projeto foram aparecendo mais interessados e, de repente, já existiam vários internos aprendendo. “Para quem está lá dentro o sofrimento é muito grande e a educação ocupa a nossa mente para não pensarmos em besteiras. Para mim foi ótimo. Uma experiência que vou dar continuidade aqui fora”. A educação na unidade prisional não serve apenas para levar conhecimento, ela contribui também para redução da pena de cada interno. A cada três meses de aula eles têm um mês de redução da pena. Edmilson explica que no presídio tem criminosos, mas também tem pessoas que querem sair de lá, se ressocializar, profissionalizar e a educação os ajuda a conseguir um emprego digno para que possam, aqui fora, sustentar as suas famílias. Edmilson está bastante feliz e se sente orgulhoso por ter conseguido vencer por meio da educação. “Agradeço à direção do presídio pela oportunidade e, especialmente, à professora Márcia, porque desenvolver o projeto lá dentro foi muito difícil, ela foi uma heroína”, declarou. Edmilson está aguardando o resultado da prova que fez no Colégio Kleber Pacheco, para cursar o supletivo, referente ao 1º grau.

Em 2011, 16 turmas foram alfabetizadas, e, segundo a coordenadora educacional do presídio, Márcia
Novaes de Oliveira, o projeto busca acolher os internos, mostrando que somos todos iguais independente dos erros que cada um cometeu e, como qualquer outra pessoa, eles têm o direito de recomeçar. Para a coordenadora, trabalhar o projeto com os internos foi “um grande desafio para a parte educacional e para a própria unidade prisional, por se tratar de algo novo a ser implantado. Foi um aprendizado não só para os internos, mas para a coordenação e os professores”. Além disso, vários internos que foram alfabetizados no ano passado já saíram e deram segmento a suas vidas. “Isso é gratificante. Estamos ali pela satisfação de saber que estamos ajudando o interno e a família dele. É emocionante encontrar um dos nossos alunos na rua e ver que ele está desenvolvendo um trabalho aqui fora. Eles nos procuram com aquela satisfação e nós percebemos que já foi desencadeada a vontade e o desejo de estudar. Isso para mim não tem preço”, relatou a coordenadora.

Fonte: http://pmvc.com.br/v1/noticia/8984/Educacao-sem-barreiras-no-Presidio-Nilton-Goncalves.html