terça-feira, 4 de agosto de 2009

Entrevista de Adeum Sauer ao Jornal BahiaOnline


Nesta entrevista aos jornalistas Maurício Maron e Renata Smith, com exclusividade para o Jornal Bahia Online, o secretário Adeum Sauer fala dos primeiros resultados da nova política educacional.

O Topa não é considerado pelo governador apenas como um projeto da Secretaria de Educação. É visto como uma ação de governo e colocado como política prioritária pela administração estadual.
O Topa é o maior programa educacional do Brasil e, na Bahia, sinaliza para um governo democrático que tem que olhar para segmentos que foram excluídos na sociedade - durante muito tempo - e não chegaram ao exercício da cidadania. Nós na Bahia temos ainda um contingente de 2 milhões e cem mil analfabetos com mais de 15 anos. Isso depõe contra o próprio governo, que se firma como democrático e que precisa olhar para este segmento. Eles foram excluídos. Não estão analfabetos por que quiseram. São analfabetos por que a sociedade não lhes deu oportunidade. A população do Uruguai é de 3 milhões de pessoas. Nós temos na Bahia quase um Uruguai de analfabetos.

A pessoa, essencialmente, aprende a escrever...
... é um programa de 8 meses em que você alfabetiza e as pessoas aprendem algumas coisas a mais do que escrever o nome. Não é só alfabetizar. É habilitar a pessoa a entender o que ela quer, o que ela lê. Escrever, saber se expressar, poder pensar, escrevendo. E, além do mais, ter conhecimentos básicos na língua portuguesa, matemática e estudos sociais. Ao final dos 8 meses essa pessoa vai ter uma base muito maior para evitar a reincidência, que é deixar de voltar a aprender. O que a gente quer é dar a essas pessoas mais condições de ingressar na rede, de continuar a estudar. A gente deseja que 60 por cento dos egressos do Topa sejam inseridos na continuidade do estudo. Nós temos gente oriunda da experiência do Topa, que já está ingressando na universidade, agora. O Topa, em resumo, tem uma meta de alfabetizar um milhão de pessoas, com certificação.

Vocês acabam de lançar o primeiro programa oftalmológico do Brasil para este perfil de público. E os resultados são surpreendentes. Em Arataca, no sul do estado, 70 por cento dos alunos não passaram nos exames de vista e precisam usar óculos, até para continuar aprendendo...
... É preciso ressaltar que o nosso modelo serviu para que os ministérios da Saúde e da Educação criassem o seu próprio programa. Na prática, significa que nós vamos oferecer óculos para todos os alunos que precisarem. Os que precisarem de cirurgia de catarata também farão. A maior parte dos nossos alunos tem acima de 40 anos, fase em que a probabilidade de problemas na visão é grande. O problema maior é que nós não temos clínicas no interior para atender a população na quantidade prevista. São cinco mil consultas por mês. Por isso vamos implantar, ainda neste semestre, unidades móveis, em parceria com a secretaria de Saúde, para atender a demanda. Será uma clínica que vai se deslocar até onde estão estes alfabetizandos.

Onde está desenhado o pior quadro da educação na Bahia?Na zona rural, no campo. Generalizadamente em todo o estado. No nordeste é onde se concentra um dos maiores índices percentuais. Municípios de Pedro Alexandre e Coronel João Sá, 52 por cento da população com mais de 15 anos é analfabeta. Eu falo de mais da metade da população. Não é do campo. É do município. Mas você pega o sul da Bahia, o município de Itapebi, tem 50 por cento.

Tem o Prêmio Cosme de Farias para os municípios que se destacam no programa...... E o primeiro vencedor também foi do sul. O município de Mascote, administrado pela 6ª. Diretoria Regional de Educação (Direc-6), cujo gestor é o professor Ednei Mendonça. Foi premiado pelo seu esforço no combate ao analfabetismo. Uma escolha com critérios técnicos que não é tomada pela secretaria, mas por um comitê de avaliação.

Fonte: http://www.jornalbahiaonline.com.br/index.asp?noticia=167